- Oi, posso saber o seu nome?
- Colombina…
- Prazer, eu sou o Pierrô.
- Pierrô? (…)
No meio da conversa, Pierrô, se sentindo já íntimo, pergunta:
- Colombina querida, e o seu namorado?
- Deve estar por aí. E você tem namorada?
- Eu tinha, a Camélia… mas ela morreu.
- Tadinha!
- Não fique triste você é muito mais bonita que a Camélia que morreu.
Desejando conquistar a Colombina, Pierrô se atira aos seus pés beija-lhe as sapatilhas… e diz:
- Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim, ó meu bem não faz assim comigo não, você tem que me dar seu coração.
- Você não desiste...
- Quando por mim você passa, fingindo que não me vê, meu coração quase se despedaça…
- É, mas eu já soube de um Pierrô apaixonado que vivia só cantando e por causa de uma Colombina acabou chorando…
- Mas por você meu bem, eu choraria dias e noites, mas do que chorei pela pobre Camélia… e, mais, neste baile não se perca de mim, não se esqueça de mim, não desapareça…
Colombina abriu um sorrisinho maroto. Pierrô, pelo jeito ia se dá bem…
Do meio do salão a galera que já havia notado os dois enamorados, grita em coro:
- Vai, com jeito vai! (…).
Ele que não era bobo nem nada, tascou uma fungada no cabelo de Colombina, cheirou-a e baixinho no seu ouvido disse:
- Vou beijar-te agora não me leve a mal… hoje é carnaval.
Foi quando Colombina caiu nos braços do Pierrô e se deixou beijar.
Em seguida, ela percebe pelos cantos dos olhos que Arlequim, seu namorado, se aproxima e pergunta:
- Colombina é você?
Muito nervosa, com a cara pintada, conseguiu dizer:
- Não, eu sou a filha da chiquita bacana.
Arlequim coçou a cabeleira todo desconfiado:
- Então cadê a sua casca de banana nanica?
Ela então sai de fininho e Arlequim pergunta mais :
- Colombina aonde vai você?
Ela então diz:
- Eu vou dançar o iê iê iê…
Sem muitas alternativas, Colombina pega Pierrô pelo braço e sai correndo do baile, onde tinha mais de mil palhaços no salão, que atrapalhavam a fuga.
Desesperada ela grita no meio do salão:
- Ô abre alas! Que eu quero passar! Ô abre alas eu quero passar!
Já amanhecia e finalmente, eles chegam no porto, pegam um barco para tomar banho em Paquetá.
Arlequim em seguida pega outro barco e diz ao remador:
- Rema rema rema remador, quero ver depressa o meu amor, se eu chegar depois do sol raiar, ela bota outro em meu lugar…
Enquanto isso, o palhaço bêbado, sentado no meio fio, vendo toda aquela cena não resistiu e aproveitou pra pedir:
- Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí!
- Não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão, que eu vou fazer bebendo até cair… e antes de cair, diz ainda:
- pode me faltar tudo na vida, arroz, feijão e pão, pode me faltar manteiga, e tudo mais não faz falta não, pode me faltar o amor , há, há, há, há! Isto até acho graça, só não quero que me falte, a danada da cachaça…
Arlequim, tadinho, com o coração despedaçado ficou lamentando:
- Essa história de gostar de alguém, já é mania que as pessoas têm, se me ajudasse Nosso Senhor eu não pensaria mais no amor…
E o Pierrô e a Colombina?
Ah! Eles foram felizes para sempre, ou melhor, até a última nota da derradeira marchinha na quarta feira de cinzas…
4 comentários:
O texto é fantástico, a midi, com as belas marchinhas ficou perfeito!
Obrigado por nos proporcioanr essa "viagem"!
Beijo
João Manoel
Oie...
Chegando de um carnaval bem tranquilo, lá pelos cafundós de São Paulo, com todo aquele calor, ô ô ô ô, posso dizer:
é seu doutor, eu não me engano, o coração dos apaixonados desta história deve ser corintiano...
e nem fizeram o quatro aí pra gente ver....que coisa, viu!
Valeu, Crys! Adorei!
Boa semana. Bom trabalho.
Muita paz! Beijosssssss
Saudades... é muito bom retornar ao seu doce e poético jardim. Que Deus permaneça verso em ti. Bjos Weder Soares
Menina, esse teu texto é um dos meus favotiyos. LObrigado por redita-lo.
Postar um comentário